O continente africano é o mais vulnerável às mudanças climáticas, apesar de contribuir com apenas quatro por cento (4% ) das emissões globais de gases de efeito estufa e é vista com maior probabilidade de sofrer suas piores consequências, considerou, nesta quinta-feira, 21, em Adis Abeba, a Comissária Josefa Correia Sacko.
A diplomata africana que falava na 1079ª Reunião do Conselho de Paz e Segurança, da União Africana que que decorreu em Adis Abeba, frisou que as amplas projecções de mudanças climáticas “ pintam” um quadro perturbador de água cada vez mais escassa, rendimentos agrícolas em colapso, invasão de deserto e infraestruturas costeira danificada.
De acordo com a sua posição estes desafios ameaçam minar a “capacidade de suporte” de grandes partes de África, causando movimentos populacionais desestabilizadores e aumentando as tensões sobre recursos estratégicos cada vez menores.
Fez saber que em comparação com a década de 1970, a frequência das secas quase triplicou, as tempestades quadruplicaram e as inundações aumentaram dez vezes, Como resultado, 20% das inundações e mais de um terço das secas registradas globalmente na última década ocorreram na África Subsaariana.
O aumento da frequência, gravidade e magnitude de eventos climáticos extremos em todo o mundo – um dos resultados mais imediatos e visíveis das mudanças climáticas – “provavelmente continuará gerando crises humanitárias como testemunhamos recentemente com o ciclone Idai e Bennet que afligiu Moçambique, Malawi e Zimbábue”, assegurou.
Neste capitulo o número de pessoas que a mudança climática pode fazer deslocar está estimado entre 50 e 250 milhões de pessoas de forma permanente ou temporária, que também ,pode agravar a marginalização, descriminação e ainda a xenofobia.
Apontou também o deslocamento relacionado ao clima “um problema agudo” que aumenta a tensão local, bem como o tráfico de seres humanos e a exploração infantil com mulheres e meninas afectadas desproporcionalmente.
Disse que a região do Sahel, está experimentar um rápido crescimento populacional, estimado em 2,8% ao ano, num ambiente de redução de recursos naturais, incluindo recursos terrestres e hídricos, grande parte dependente da agricultura de sequeiro .
Defende por isso , a defesa de uma Posição Comum Africana sobre as alterações climáticas que assegure uma forte voz africana nas negociações sobre o clima, apoiar a operacionalização das três Comissões Climáticas Africanas estabelecidas na COP 22 em Marrakech – as Ilhas Africanas, a Bacia do Congo e a Comissão Climática do Sahel, para melhor Governação dos Oceanos, nomeadamente para combater a poluição marinha, gestão sustentável da biodiversidade marinha e recursos haliêuticos.
“ Precisamos acelerar a implementação integrada de todos os compromissos e acordos internacionais e regionais existentes relacionados à mitigação dos efeitos adversos das mudanças climáticas, que incluem o Acordo de Paris, o Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio e a Estrutura de Sendai para Redução do Risco de Desastres. (2015-2030)”, sustentou.
Por isso , frisou que se deve reforçar a capacidade da UA para apoiar eficazmente os Estados-Membros na abordagem das questões das alterações climáticas através da elevação da unidade a uma divisão das alterações climáticas, Identificar plataformas nas negociações sobre Mudanças Climáticas Globais, e ainda, constituir sinergias das comissões climáticas africanas através da convocação de sessões conjuntas das três comissões .
Outro aspecto de garante importãncia tem haver com a Implementação rápida da Estratégia e Plano de Acção da UA para as Alterações Climáticas e Desenvolvimento Resiliente, bem como, acelerar a implantação do Programa AMHEWAS, em estreita coordenação com o CEWS nas CERs e nos Estados membros.